Fiz questão de trazer essa entrevista para minha coluna, aqui na OPB, para facilitar o acesso dos amigos leitores, quem eventualmente passar por aqui, quem sentir vontade ou quiser ler novamente e para ficar bem guardadinha aqui no meu cantinho, sem se perder em meio a tantas postagens; quem sabe de mim sabe que amo tudo da poesia.
OPB - ORDEM ENTREVISTA A POETISA LUNA DI PRIMOO VOO LIVRE DA PALAVRA É A LIBERTAÇÃO DO POETA
CONHEÇO LUNA DI PRIMO HÁ UM CERTO TEMPO. SOU FÃ DE UMA POESIA IRREVERENTE DELA CHAMADA " AÇAFRÃO " E DE MUITAS OUTRAS. . VEJO NA POESIA DELA UM FORTE SENTIMENTO DE LIBERTAÇÃO DE TUDO. UMA POESIA QUE ABRE CLAREIRAS E COBRA DO SOL A SUA FUNÇÃO DE ILUMINAR.LUNA É UMA POETISA POLÊMICA,SIM, MAS TAMBÉM É UMA DAS PESSOAS MAIS VERDADEIRAS QUE CONHEÇO NO NOSSO MUNDO DA POESIA. POR CONTA DESSA FAMA DE POLEMISTA, TEVE ATRITOS, JÁ SOFREU INJUSTIÇAS. VÁRIOS MAUS ENTENDIDOS QUE QUANTO MAIS SE EXPLICAM, PIORES FICAM. FAZEM PARTE DE SUA TRAJETÓRIA, INÚMERAS AÇÕES PARA UNIR OS POETAS. COM CERTEZA, POUCOS POETAS SE DEDICARAM TANTO A CAUSA COMO LUNA DI PRIMO, ELA FAZ ISSO, PORQUE É NOBRE, TEM UM CORAÇÃO GENEROSO, MERECENDO SEMPRE OS NOSSOS APLAUSOS. ACHO QUE POR TODAS AS SUAS QUALIDADES E SENSIBILIDADE TEVE O DOM DE NOS LEGAR O MINDIM, O BEIJA-FLOR DA POESIA, UMA BELA POESIA BRASILEIRA , TÃO PEQUENINA E AO MESMO TEMPO TÃO GIGANTESCA. PARABÉNS. Por Mauricio de Azevedo
1- QUEM É LUNA DI PRIMO?
RESP - Alguém encantada com a criação de Deus. Alguém que preza e briga pelo respeito seja a quem for, por quem for e pelo que for. O respeito é a base das boas relações e o seu contrário gera guerras pessoais e mundiais. Em questão de respeito não se tem que deixar pra lá; a pessoa deve respeitar o outro, independente de quem seja. Devemos respeitar toda a criação universal. Se há respeito não há briga.
Lembrando que tudo que for dito nessa entrevista cabe a regra da exceção.
2- VOCÊ É UMA POETISA QUE SEMPRE BUSCOU A UNIÃO DA CLASSE DOS POETAS. COMO ANALISA AS DIFICULDADES?
RESP- As dificuldades existem até para falar sobre a questão. Pessoas em meio de poesia vivem em certa letargia difícil de ser superada e isso desfavorece bastante a caminhada para o melhor. A própria condição de cada um provoca um emperrar dos passos.
3- VEMOS NO POETA UMA CERTA DIFICULDADE DE SE DESPRENDER DE SEUS CAMINHOS PARA UM FOCO MAIS OBJETIVO E ATUANTE. A AFIRMATIVA É CERTA OU ERRADA?
RESP - Certa. Antes de um poeta, tem-se uma pessoa e, como toda pessoa, traz suas características. Temos os acomodados, os presunçosos, os arrogantes, os lutadores, e por aí vamos. A maioria só quer ser lida e não ler. Quer receber aplausos e não aplaudir. Quer ter, mas não quer fazer. Esse egoísmo e essa falsa comodidade o impede de enxergar alguns palmos adiante de si.
4- COMO A POETISA LUNA DI PRIMO VÊ O ATUAL MOMENTO DA POESIA BRASILEIRA?
RESP- Acredito que a poesia brasileira nunca passou por uma crise como acontece atualmente – se é que se pode chamar a situação de crise - quando muitos escrevem e poucos se encaixam na denominação poeta. Com o advento da autopublicação todo mundo se tornou escritor e/ou poeta. Porém, a definição de poeta é bem clara. E a definição de poesia? Poucas pessoas sabem ou aceitam. E estão todos no mesmo barco poetas e não poetas. Para leigos, leitores, como identificar a poesia nesse meio?
5- VEMOS POETAS ENALTECENDO O HAIKAI, O MINDIM ESTÁ INDO PELO MESMO CAMINHO?
RESP - Temos entre haicai e mindim, tantos bons anos; ambos possuem casas de opostas culturas. O haicai, embora, cada um faça da forma que entende e ninguém, realmente, saiba fazê-lo, já tem aceitação por qualquer poeta. O mindim é um bebê, poucos sabem de sua existência, porém, quem o sabe o enaltece; isso, digo em referência ao mundo, ao geral. Mesmo, em tais condições, muitos poetas brasileiros gostam e apoiam o mindim. São poetas atualizados, inteligentes e que sabem contar sílabas; esses acompanham a evolução do mindim. E eu os mantenho informados, também, como agradecimento pelo importante apoio que recebi e recebo. A questão do mindim é que ele deve conter exatamente duas sílabas, marcando ou não a tônica, que não é obrigatória, mas, também, não é proibida. E o haicai tem essa questão de sílabas meio confusa. Acredito que o mindim possa seguir os passos, em questão de reconhecimento - pelos poetas -não só do haicai, mas de todos os estilos que deram certo até hoje. Já foi reconhecido por uma editora americana que se ofereceu para publicar a Cartilha do Mindim na língua inglesa e já o fez. Isso é o maior reconhecimento de um estilo poético que geralmente, são grupos de poetas que se reúnem para publicar antologias daquele poema. No caso do mindim foi uma editora que se propôs à sua publicação e divulgação em língua mater. Melhor avanço, impossível.
6- COMO É SER CRIADORA DE UMA FORMA POÉTICA GENUINAMENTE BRASILEIRA?
RESP - É pra se ter orgulho da cria, ainda mais que é como disse você no início, assim que o apresentei: é 'brasileiríssimo'. Mas, também, tenho certeza que meus sentidos não conseguem captar toda a real importância desse ato. Só o futuro o dirá.
7- VEMOS NA SUA OBRA MUITOS ELEMENTOS DE CONTESTAÇÃO E AO MESMO TEMPO TAMBÉM MUITA POESIA ROMÂNTICA...COMO SE DÁ A DIVISÃO ENTRE A POÉTICA QUESTIONADORA E A ROMÂNTICA?
RESP - Essa divisão não acontece na realidade. São momentos que a inspiração nos proporciona. A poesia vem da ou na mesma forma. Posso terminar de escrever uma poesia romântica e escrever uma questionadora ou vice e versa.
8- COMO A POETISA VÊ A QUESTÃO DA POLITICA CULTURAL PARA A LITERATURA NO BRASIL?
RESP - Dispersa e praticamente inexistente. E enquanto teorizam se a Política Cultural deve ser vista como ciência, a Ciência da Política Cultural se encontra relegada. As artes todas não conseguem importância em atenção; imaginemos qual seria essa importância em relação à literatura. Quem são os grandes vendedores de literatura no Brasil? E a literatura brasileira vendida é a qual? E quanto vende? Não existe nada sistemático relativo ao assunto. Porém, a mídia tem nos trazido o panorama sobre a questão. Interesse econômico é o que prevalece, o restante fica para fazer volume.
9- FALE-NOS SOBRE OS SEUS LIVROS PUBLICADOS E PROJETOS EM ANDAMENTO?
RESP - O primeiro livro que publiquei foi o Sonetos ao Jovem, em conjunto com poetas Ineifran Varão, Dija Darkdija, Nivaldo Ferreira e Nelson Rodrigues, pedras preciosas da poesia. Depois foi a Cartilha do Mindim, pois a necessidade se fez. Pessoas que não tinham ou não podiam ter acesso à internet em qualquer momento, como professores, alunos, principalmente da zona rural, procuraram por livro de mindim. Mas não tinha como fazer um livro sem antes ensinar como fazer o poema e assim surgiu a Cartilha. Depois da Cartilha veio o livro Pérolas Japonesas no Brasil composto de haicais e tancas que já estava praticamente pronto. E quase ao mesmo tempo o livro Mindim. Nesse entremeio, exatamente no primeiro dia desse ano de 2014, recebi mensagem de uma editora americana interessada em editar a Cartilha do Mindim em língua inglesa com encargos financeiros e distribuição nas maiores livrarias e lojas especializadas do território americano, por conta deles. 'Primer Of Mindim' - um presente de ano novo, nunca esperado, foi mesmo uma surpresa. Em meio a milhares de pessoas e editoras que publicam textos, livros e demais todos os dias, ter um livro meu percebido e despertar interesse em editora americana, realmente, é para ficar feliz.Hoje, estou organizando livros de tudo que tenho armazenado e que estou compondo - porque a produção é constante - para publicação; depois disso, não sei...
10 - O QUE ACHA QUE OS POETAS PODEM FAZER PARA APROXIMAREM O PUBLICO DE SUAS POESIAS?RESP - Voltar-se para o público. Muitos poetas se acham dez, como se não dependessem do público para escoar sua produção. Se não há leitores, não há vendas.
11 - O QUE DESTACA NA SUA POESIA QUE MOTIVARIA O PUBLICO A LE-LA MAIS?
RESP - Eu escrevo para o público. Isso é o que o motiva a ler minha poesia. Tanto acontece que sou acompanhada por quem admira o que escrevo, recebo elogios gratificantes e engrandecedores, assim como, já sofri muitas agressões verbais e em 'poesias', e pessoas que me enviam emails, perguntando por que as quero mal, o que fizeram pra eu dizer o que digo, interpretando minhas poesias como se as tivesse escrito para elas, pessoalmente. Tem pessoas que respondem ao que escrevo, julgando ser para elas. Às vezes poesias que escrevi até antes de saber da existência de alguém e esse alguém vai ler e responde ou dá sua opinião a respeito do que escrevi, como forma de 'implicância'. Tudo isso por quê? Por que se vê no que escrevo. Então, acontece da pessoa se vitimizar ou caçar briga por conta do que escrevo; claro que não são todos, graças a Deus, mas os poucos dão muita dor de cabeça. Uns entendem quando questiono que motivo teria para escrever sobre quem nem conheço, mas, outros, acredito, são pessoas menos evoluídas, travam verdadeiras batalhas como me xingar publicamente, denegrir minha imagem, mentiras que inventam e fazem isso como resposta ao que dizem que eu faço com eles e nunca findam a perseguição. Porém, aprendi a não me não me importar com isso. Já sofri por conta disso, mas tanto mastiguei a questão, que conclui que a minha responsabilidade está no que escrevo e não no que sua leitura provocará; isso não tem como controlar.
12 - O QUE ACHA DE POSITIVO PARA A POESIA NAS REDES SOCIAIS E O QUE ACHA DE NEGATIVO, SE EXISTE?
RESP - Acredito que não só nas redes sociais, mas em todo o virtual. A internet veio aproximar interesses relativos não só à poesia, mas no geral. A poesia se beneficiou bastante com essa aproximação em todos os sentidos, uma vez que encurta tempo e caminho. Como negativo vejo a banalização da poesia; o acentuar sistemático do plágio e o tornar de tudo uma coisa comum. Acabaram-se os mistérios que envolviam poeta – poesia - leitor. Quando se trata das redes sociais ou comunidades essa aproximação se torna menos saudável e até prejudicial. Não pela instituição em si, mas pela variedade das relações e personalidades que mais são anônimas, mesmo usando o próprio nome. Todas as neuras recaem nas redes sociais sejam estas grandes ou pequenas comunidades. Os relacionamentos nunca são totalmente pacíficos e voltados para o objetivo a que se destina o local. No caso da poesia tem muito mais pessoas escrevendo do que poeta e escritor. E tudo 'vira' poesia. A poesia não é tudo que se vê ou lê e sim: é a profundidade do (Ser) (ser) como fenômeno inatingível. E nas redes sociais tudo isso é vulgarizado.
13 - FALE TUDO O QUE DESEJAR SOBRE POESIA?
RESP - É muita coisa que tenho para falar sobre poesia. Mas como é um ponto de vista crítico-analítico deixo para apreciação em meu livro POESIA que estou escrevendo. Esse assunto POESIA é muito assunto para uma entrevista, o que periga incorrer em erros.
Deixo meu obrigada pelo carinho da entrevista.
OBRIGADO LUNA DI PRIMO PELA BELA ENTREVISTA. BOM DEMAIS TE-LA CONOSCO NESTA ORDEM DOS POETAS DO BRASIL.COM CERTEZA..UMA ALEGRIA IMENSA.
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